Desde que comecei a ensinar outras pessoas notei que: gente, criar um bom roteiro de teste não é tão simples assim. Eu aprendi as coisas na marra prática, por tentativa e erro. Por isso achei que seria útil reunir aqui algumas coisas que eu gostaria que tivessem me dito quando eu comecei.
#1 Sim, você precisa de um roteiro
Sendo tímida desde criancinha, aprendi que o planejamento é muito útil: se você pensa no que falar de antemão, não te dá um “branco” na hora. É assim na vida e é assim em pesquisa também.
Você não vai simplesmente colocar um fulano na frente do produto e dizer: “use aí”. Ninguém pega um produto sem contexto, né? É importante ter um cenário, um objetivo, algo a fazer ali.
Nem precisa ser um roteiro formal, impresso. Se você anotar as tarefas em um caderninho (ou em post-its, se quiser ser mais moderno) já ajuda muito.
#2 Comece pelo objetivo
O que você quer descobrir o teste? Formule objetivos, e tente ser mais específico do que “ver se o site tá bom”. Pode ser algo simples, do tipo:
“Quero descobrir quais as dificuldades no fluxo de compra que podem levar a problemas de conversão.”
Ou algo mais direito:
“Quero descobrir se as pessoas sabem como usar os filtros por cor na página de resultados”.
“Quero descobrir se as pessoas sabem como usar os filtros por cor na página de resultados”.
O objetivo também pode ser avaliar uma hipótese:
“Pouca gente usa o filtro por cor. Pode ser porque ele está abaixo da dobra.”
“Pouca gente usa o filtro por cor. Pode ser porque ele está abaixo da dobra.”
Objetivos definidos? Coloque no papel. Anote em um plano de teste. Coloque em qualquer lugar, desde que não perca de vista. E a partir deles, crie as tarefas.
#3 Crie tarefas com as quais as pessoas possam se identificar
O seu papel é fazer com o que teste seja o mais próximo possível de uma situação real de uso. Por isso, crie cenários de tarefa com base em situações cotidianas, para que a pessoa possa se colocar naquela situação – e fugir de uma simulação apenas mecânica.
#4 O que é o sucesso para você?
Para cada tarefa, há um caminho ideal = sucesso da tarefa. E é muito útil você definir isso antes de começar os testes, para saber em que você deve prestar atenção. E aqui você pode incluir métricas úteis para analisar os resultados depois.
Veja agora as mesmas tarefas com objetivo e sucesso definidos:
#5 Tudo bem sair um pouco do roteiro se você souber o que está fazendo
Você levou alguns dias criando um roteiro incrível e agora deve segui-lo à risca, certo? Certo. Mas com o tempo você percebe que nem sempre é o melhor para a pesquisa.
Às vezes a pergunta não se encaixa muito bem no participante – em vez de um sapato vermelho, ele tem mais cara de quem compra botas country. Tem gente que é super espontânea e empolgada e vai fazendo de uma vez todas as tarefas do roteiro, tudo fora de ordem. E às vezes o que a pessoa está te contando é mais interessante e mais útil do que as tarefas previstas no roteiro. O que fazer?
Nesta hora a gente volta ao primeiro ponto: o objetivo. Se você tem os objetivos do teste na cabeça (ou anotados no roteiro), pode adaptar as tarefas para atingir os mesmos resultados. Se você sabe o que tá por trás de cada tarefa fica mais fácil avaliar se a pessoa já avaliou aquele ponto ou não. Com a prática você pode ir adaptando o roteiro a cada situação – pode fazer perguntas diferentes, mudar a ordem das tarefas e inventar novas tarefas na hora.
Desde que você mantenha os objetivos em mente e que tenha liberdade para isso, improvisos podem ser bem legais. Mas se está fazendo um estudo grande, em que é importante manter o rigor para comparar resultados, melhor ser um pouco mais certinho.
Por fim, se você tá começando pode ser mais difícil achar aquele gancho do improviso. É normal. Neste caso apenas ler o roteiro e prestar (muita) atenção já tá de bom tamanho. Na dúvida, siga o roteiro e seja feliz.
Fonte: http://arquiteturadeinformacao.com/pesquisa-com-usuarios-2/5-dicas-para-criar-roteiros-de-teste-de-usabilidade/